quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Texto do Jornalista e Radialista Gabriel Gontijo

Publicado no dia 8 de dezembro de 2016

O RÁDIO E O JORNALISMO RESPIRANDO POR APARELHOS

" (O texto é grande, mas peço que leiam com atenção)
Confesso que nem sei por onde começar.... Descobri o rádio com 9 para 10 anos de idade. Morava em uma cidadezinha do interior de São Paulo (Adolfo) e meu pai tinha um aparelho de rádio de marca "Motorádio", que hoje não mais se encontra no mercado. De noite, meu pai sintonizava diversas emissoras em ondas médias, curtas e tropicais. Dentre elas, a que melhor pegava eram a Globo 1220 AM e Tupi 1280 AM. As duas transmitiam as emoções do hoje extinto Torneio Rio-São Paulo. 

Ali descobri algo superior a uma paixão, era amor a primeira vista: o Rádio. Desde então, sempre sonhei com isso até o dia que falei pela primeira vez o microfone como profissional, exatamente às 16 horas de um sábado, dia 02 de março de 2013 na Rádio Bicuda 98,7 FM. Um pouco antes, no dia 28 de setembro de 2012, resolvi investir no meu sonho de forma mais concreta após começar no curso profissionalizante de locução na Escola de Rádio. Em fevereiro de 2014 resolvi que teria que investir pesado.

Então troquei a faculdade de História (estava no meio do curso) pela de Jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Fui com tanta vontade que na prova de transferência interna passei em primeiro lugar!! MAS........................
Na vida, sempre há um "mas" e às vezes ele costuma ser ruim, até cruel. E vejo que a situação atual se encaixa nesse cenário.

Saí da Tupi exatamente no dia 1º de dezembro de 2014 de uma forma um pouco dolorosa. Passei os 5 meses seguintes de forma extremamente difícil, seguramente os piores da minha vida, pois insisti de todas as formas em buscar algo no meio da comunicação e o que ouvi em TODAS as oportunidade foram "NÃO". Foram mais de 150 currículos para todos os tipos de mídia: rádio, TV, impresso, estágio em mídias digitais, internet, blog e tudo o que mais se possa imaginar. Achava que tudo era uma fase que seria passageira, mas pelo visto estava enganado, pois os passaralhos se multiplicaram desde então.

Passaralho....

Como essa palavrada tem sido usada. Pior do que usada, praticada.
O termo é até chulo - tanto que não gosto de usá-lo e evito sempre que possível - mas com tamanhas demissões e fechamento de emissoras, entendo o motivo dessa palavra estar tão em "voga".
E, irônica e cruelmente, essa palavra resolve agir com força justamente nas duas emissoras que me fizeram amar o rádio: Globo e Tupi. 

Ver tantos colegas, amigos e pessoas que me incentivaram (e ainda me incentivam) a não desistir do meu sonho de repente perderem seus empregos, serem demitidos sem poderem se despedir dos ouvintes, com salários atrasados (além de INSS e FGTS recolhidos, mas não repassados) e, muitos, tendo como única saída a via judicial, mesmo assim em vão em alguns casos, é extremamente doloroso. Uma dor inenarrável.
Como é triste ver o rádio assim. O jornalismo também.

Emissoras fechando, jornais quebrando, trabalhadores passando necessidades...
Não é demagogia o que escrevo. É um desabafo sincero, profundo e muito, mas muito triste.
Ver que inúmeras emissoras de São Paulo, Rio e Minas estão à beira de um colapso é um cenário desesperador. Rádio Globo, Rádio Tupi, Folha de São Paulo, Rádio Jovem Pan, TV Alterosa, O Estado de Minas, Revista Isto É, Veja e tantas outras que não consigo nem numerar.

No passado tive um sonho que no presente se transformou em realidade, mas ao que parece se encaminha para um futuro completamente sombrio e tenebroso, um pesadelo inesperado.
Curiosamente, além do profundo sentimento de tristeza que sinto ao escrever essas palavras e do choro que trago em meus olhos (sim, choro porque é muito doloroso ver tanta gente querida sem trabalho), escrevo este texto ouvindo a clássica abertura do programa Haroldo de Andrade, o Concerto nº 1 de Tchaikvosky.

Talvez eu sinta em minha simples imaginação - creio que de maneira inconsciente - um conforto com as palavras do velho Haroldão e nutrindo uma esperança que o cenário se reverta. Para quem tiver paciência de ler esse texto, peço humildemente que o faça ouvindo a célebre trilha do mestre, pois mesmo com o coração consternado, a sensação que tenho é que o próprio assopra palavras de esperança e força, sempre finalizando com o seu inesquecível BOM DIA!"

                                                                                                                                     Gabriel Gontijo

Blog “Cadê as Meninas?” ganha prêmio de Reconhecimento

Matéria publicada no site E Pop na Web, no dia 8 de dezembro de 2016

O blog ‘Cadê as Meninas?’ acaba de ganhar seu primeiro prêmio de reconhecimento e incentivo ao conteúdo de qualidade. A premiação aconteceu na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo durante o Fórum Internacional de Negócios Brasil-China no último dia 5. O prêmio foi oferecido pelo Presidente da Câmara de Comércio e Desenvolvimento internacional Brasil-China, Sr Fabio Hu e entregue pelo Diplomata Empresarial Leonel Aguiar.

 
Divulgação
 O Cadê as Meninas? está no ar a pouco mais de dois meses e é voltado para o melhor da cultura no Brasil, para a gastronomia de qualidade, para o turismo, a arte e o design. No turismo, o blog tem como objetivo focar no Brasil, em Portugal e na Itália dando dicas das cidades menos badaladas mas com forte atrações turísticas.

O Cadê as Meninas? é assinado pela jornalista Cláudia Rolim e conta com a colaboração da atriz Denise Macedo e da designer Sara Rolim.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Texto do Jornalista Bruno Quintella

Publicado no dia 3 de dezembro de 2016

"Um realismo nada fantástico, mas sóbrio e duro chamado realidade. Nem Gabriel García-Márquez poderia prever numa eventual continuação de seu romance com o título que resumiria essa tragédia. Só que em vez de Santiago Nasar, foram oitenta pessoas. Foi o dia em que a realidade esfregaria na cara do realismo fantástico que a vida prega peças.
Macondo também está triste.
É inevitável que toda essa tragédia remeta aos contos e às sagas de algumas histórias elocubradas pelo escritor colombiano, morto em 2014.
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Um time de futebol de uma cidade de interior, do sul do país, onde habitam cerca de duzentas mil pessoas. Jogadores com salários modestos, um clube com pouco mais de quarenta anos de existência (num país onde muitos clubes já comemoraram seus centenários) e uma trajetória magistral. Uma conquista inédita tão próxima de Chapecó e dos chapecoenses. Uma guinada a caminho de uma projeção internacional que, para muitos, até ali, não era tão evidente. Mas era, sim, para mais de vinte jornalistas que também acreditavam nesse sonho. Jornalismo é você contar a história do outro, por mais triste que seja, por mais despretensiosa que pareça, por mais simples que possa ser. Porque nosso dever não é apenas informar, mas saber informar. Era assim também o nosso colega colombiano Gabo - que o Geneton Moraes Neto achava um desrespeito fabricar essa intimidade com GGM: chamá-lo pelo apelido.
Geneton e Gabo certamente estão tristes também. Quando o jornalista se transforma em notícia, raramente é por um bom motivo.
Raramente.
Nossos Guilhermes, Ari, Victorino, P.J Clement e outros dezesseis companheiros certamente eram do time dos que sabiam como poucos levar a informação para o público. E morreram para contar e denunciar como voos sem segurança eram feitos a torto e a direito, como companhias aéreas coloca(va)m em risco passageiros e tripulação há algum tempo. Como equipes jornalísticas têm em sua rotina o acompanhamento de times e delegações para extrair, de mais perto possível, o clima e as informações mais quentes. É claro que nenhuma reportagem vale uma vida, é sempre bom frisar. E a única certeza que temos é que nenhuma morte foi em vão.
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O cortejo ontem nas ruas de Medellin. A imagem de cinquenta caixões passando pelas ruas escoltadas pelos militares colombianos. As pessoas nas ruas emocionadas com tudo aquilo que aconteceu, que uns chamam de desastre, outros tragédia, mas não mais acidente, mas um risco assumido. Não foi acidente.
O estádio lotado com mais de cem mil pessoas comovidas, tristes, fortes e solidárias. Esporte é compartilhar sentimentos de vitórias e derrotas, mas também é dividir sentimentos sem nome. É impossível denominar o que aconteceu naquela noite, essa sim, realisticamente fantástica – mesmo que triste, dolorosa e surpreendente. O estádio de nome Arena Condá viveu seus momentos da mágica e triste Macondo, talvez pela semelhança vocabular e metafórica: Condá e Macondo.
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Minha mãe sempre diz que não existe coincidência, e sim, convergência. Não há como ter certeza de que essa ‘era a hora’ deles. Mas a lição que fica é que devemos sempre valorizar a vida. Num abraço, num beijo, numa palavra de apoio ou carinho, de solidariedade. Temos muito o que aprender com o povo colombiano, nossos irmãos latinos, que, por muitas vezes, subestimamos por diversos motivos, como pelo fato de, simplesmente, serem nossos vizinhos. Precisamos entender que solidariedade ultrapassa fronteiras. Precisamos de tantas coisas.
Precisamos daquele abraço da mãe do goleiro Danilo, a dona Ilaídes, no nosso companheiro Guido Nunes;
Precisamos daquele carinho no rosto;
Precisamos da força da dona Ilaídes - e ela precisa de nós.
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O estádio da Chapecoense, agora debaixo de chuva, onde as lágrimas das pessoas se confundem com os pingos d´água vindos do céu. Capas de chuva que não nos protegem da dor – nem das lágrimas. Mas que permitem que os uniformes verdes estejam à vista.
Como disse García-Márquez em “O Amor nos Tempos do Cólera”:
‘A memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas, e graças a esse artifício é que suportamos o passado.’
Vamos em frente."

Bruno Quintella


sábado, 3 de dezembro de 2016

Depoimento do Jornalista e Fotográfo Marco Leal

"Esse velório na arena em Chapecó, se não é a coisa mais triste que já vi em minha vida, passa perto. A chuva torrencial que cai é repleta de significados. A presença de Temer no evento é a coroação de um desses significados: o Brasil é grande e tinha o sonho de chegar longe. Estava perto, como o time catarinense. Mas a ganância dos "pilotos"do país nos levou à queda livre, ao pesadelo e ao caos em que nos encontramos agora. O Brasil sofre há anos de uma pane seca. Os responsáveis por ela se diluem na História.
Chapecó, nesse exato momento, representa o que eu sinto por ser brasileiro....
Eu não poderia deixar de fazer essa analogia. Minha vida é sempre repleta de simbologias e vejo significados em muitos fatos.
Vamos levar muito tempo para conseguir amenizar dentro de nós essa dor da tragédia com o Chape.
Que dia triste... Que Deus receba a Alma dessas pessoas e que descansem em Paz."
                                                                                                                                   Marco Leal

Charge by Periódico O Bairrista

Charge publicada no dia 3 de dezembro de 2016 no twitter do Periódico @O_Bairrista do Rio Grande do Sul



quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Workshop de Constelação Familiar em Campo Grande (MS)

No Workshop de domingo, será tratado de questões que impedem o caminho para o sucesso, através de meditações iremos encontrar o passado, olhando para tudo que aconteceu, honrando e incluindo a história de nossos antepassados. Todos do grupo interagindo ao mesmo tempo. Entrando em contato com o amor que cura e liberta.


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Mensagem da Jornalista Fernanda Gentil

Publicado no dia 29 de Novembro de 2016

"Mais uma vez a vida fez planos pra gente, e não a gente pra ela... quis ela, sabe-se lá por qual motivo, que esses jogadores, tripulantes e jornalistas tivessem hoje seus sonhos interrompidos, quando o plano deles era apenas seguir.

Seguir para um jogo, uma matéria, um destino. Seguir e, sem dúvidas, voltar. Voltar para suas casas, seus trabalhos, suas famílias... mas não vão. A maioria não vai... o Gui Van der Laars, o Ari Junior e o Guilherme Marques, por exemplo, não vão estar mais na redação.

Não vão nos brindar mais com os sorrisos deles, com as brincadeiras, com o talento, com a leveza com a qual levavam a vida. E a vida deles não era menos especial que a minha ou a sua, muito pelo contrário! Laars é pai de dois, e o terceiro vai nascer em menos de um mês. Guilherme Marques uma revelação, novo, cheio de vida e sorrisos pra distribuir.

Os dois fizeram aniversário na semana passada, assim como eu. Por sorte, fazemos em datas diferentes, assim consegui abraçá-los em mais de um dia. E em todos eles trocamos os melhores votos possíveis. Ari era um lord! Espirituoso, talentoso, um homem-sorriso. E hoje, todos esses (e muitos outros) caras fenomenais se foram... e então porque não pode acontecer com a gente?

Claro que pode. A vida, antes de ir, ela não manda aviso não! Não comunica, não liga, não tem whatsapp. Aliás, a última mensagem do Gui pra mim no whatsapp semana passada foi "conta comigo, vou estar sempre aqui." Que dor, Gui... você disse que estaria mas não está. E olha, lutei muito pra não acreditar que vocês realmente não estariam mais.Fiz conta, refiz, chequei, li a lista, procurei, fingi que não vi. Procurei de novo, fechei um olho, re-re-refiz as contas, e vi a lista de novo... vocês continuavam lá.

Depois da confirmação da tragédia, vem a dor. E da dor nos resta tirar uma lição muito importante: falar enquanto há tempo - falar em vida. Abraçar em vida. Amar em vida. Perdoar em vida. Porque tudo isso é viver a vida. Falar todas as coisas bonitas que falamos pra vocês hoje, para muitas outras pessoas que ainda estão aqui e podem ler/ouvir. Aliás vocês mal se despediram da gente e já ensinaram tantas coisas... tinham que ver o que os clubes brasileiros e do mundo todo fizeram! Todos postando o escudo da Chape! Jogadores mandando recados, fazendo minuto de silêncio!

Autoridades decretando luto! Vocês hoje ensinaram que o que importa é a vida, não um jogo, um time, uma cor, uma raça, uma competição. Ensinaram que um título pode sim ser decidido fora de campo; nas nuvens, no céu, num lugar bem melhor que esse aqui, e hoje ele foi: pode avisar aí em cima que "o Atlético, num grande ato de solidariedade, vai dar o título da Sul-Americana para a Chapecoense" (Gui, essa pode ser a frase de abertura do seu vt, eu te empresto a ideia  :)).

O Ari eu sei que vai fazer as imagens mais lindas da vida dele, e o Laars vai caprichar nas exclusivas pro Esporte Espetacular desse domingo - que aliás vai ser o programa mais difícil da minha vida.
Não aprendi em curso ou faculdade nenhuns a imparcialidade ou frieza jornalísticas necessárias para apresentar num contexto desses - e espero nunca aprender. Prefiro o calor e o sentimento humanos. Prefiro acreditar que o buraco que se abriu no peito de todos hoje trouxe à tona muitas reflexões pessoais, e eu sei que trouxe.

Vê se não é assim: a gente pensa em amar mais, julgar menos, nos declarar mais, reclamar menos, agradecer mais, se importar menos, agredir menos, viver mais... e em questão de dias, esse "efeito" passa. Só que a gente não pode esquecer que em questões de dias, a vida também passa. Então esse efeito tem que durar.

Então por vocês três, por tantos outros que estavam nesse avião, e, principalmente, pelos amigos e famílias que perderam alguém querido, espero que a nossa reflexão nos faça mudar de verdade; e que dessa vez esse "efeito" dure exatamente o mesmo tempo que a saudade de vocês vai durar - pra sempre."

Fernanda Gentil